terça-feira, 23 de agosto de 2016

Hillary Clinton voa 35km em jato privado, para participar de reunião dos Rothschild em Nantucket e recolher fundos de campanha.



21/8/2016, Tyler Durden, Zero Hedge.

Traduzido por Vila Vudu.

Como noticiamos há poucos dias, Bill e Hillary Clinton passaram a noite de 6ª-feira em Martha’s Vineyard celebrando os 70 anos de Bill. Foi negócio grande, que valeu a trabalheira de Obama, que deixou p’rá lá os flagelados da enchente em Louisiana e correu para a festa.


Agora se sabe que, na manhã seguinte, Hillary, que não é de perder tempo com arranjos de viagens plebeias, embarcou em seu jato privado e voou 30 quilômetros até Nantucket onde os Rothschilds organizavam uma reunião para levantar fundos de campanha. Evento aberto a todos… quer dizer, a todos que possam pagar $100 mil por cabeça, pelo convite. Façamos votos de que aí esteja um bom sinal de que a coisa do aquecimento global já foi resolvida e todos podemos dormir em paz, certos de que estamos protegidos de ataques violentos nas mãos do GUP (Grande Urso Porco) [ManBearPig].

Mas… não se pode culpá-la. É exaustivo correr de um lado a outro do país, para cidades como Cleveland, Ohio, e ter de mostrar aos trabalhadores o quanto você “dá duro” para obrigar os “ricos” a arcar com a parcela que lhes cabe por justiça.

Contudo, porque não somos do tipo que deixa a realidade atrapalhar uma boa versão, nós simplesmente ignoraremos um postado recente, cá nesse blog, em que demonstramos como os Rothschilds estão usando Nevada como paraíso fiscal onde ricos investidores internacionais podem escapar de impostos (vide nosso postado “Rothschild Humilha Obama e revela que EUA são o maior paraíso fiscal em todo o mundo” [ing.]): 

A secular instituição financeira europeia Rothschild abriu uma trust company em Reno, Nev., a poucos quarteirões dos cassinos Harrah’s e Eldorado. Agora, está transferindo as fortunas de ricos clientes estrangeiros, retirando-as de paraísos fiscais como Bermuda, sujeitos a novas leis internacionais de transparência, para os trusts que os Rothschild dirigem em Nevada, que são isentos.
* * *
Para consultores financeiros, o atual estado de coisas é simplesmente boa oportunidade de negócios. Num rascunho da apresentação que fez em San Francisco, Penney, da [instituição] Rothschild, escreveu que os EUA “são efetivamente o maior paraíso fiscal do mundo”. Os EUA, acrescentou ele, em trecho que depois foi apagado no texto final da palestra, “não têm meios para fazer cumprir a legislação fiscal de outros países, e bem pouco apetite para fazê-lo.”

Temos absoluta certeza de que a reunião para levantar fundos foi apenas oportunidade conveniente para que Clinton discutisse com os Rothschilds o que fazer para pôr fim aos muitos privilégios fiscais dos quais gozam os bilionários amigos dela.*****




sábado, 20 de agosto de 2016

Russia. Putin dá luz verde aos economistas nacional-desenvolvimentistas que resistem contra as políticas globalistas neoliberais.

2/8/2016, F. William Engdahl, New Eastern Outlook

Traduzido por Vila Vudu

Depois de mais de dois anos de crescimento econômico cada vez menos satisfatório e com a economia lutando contra taxas de juros de 10,5% do banco central, que tornam virtualmente impossível que novos créditos estimulem o crescimento, o presidente russo Vladimir Putin afinal rompeu um impasse interno, entre dois blocos de especialistas.


Dia 25 de julho, deu ordens para que um think tank de economistas, o Stolypin Club, prepare propostas para estimular o crescimento do país, a serem apresentados ao governo no 4º trimestre do ano em curso.[1]aumentar o investimento

Ao fazê-lo como o fez, Putin rejeita e desautoriza duas influentes facções de economistas liberais e/ou neoliberais, que, com sua ideologia ocidentalizante a favor do que chamam de ‘livre mercado’, levaram a Rússia à recessão politicamente e economicamente perigosa em que o país se debate hoje.

É movimento de enorme importância, que eu pessoalmente já esperava, desde que tive oportunidade de trocar ideias com colegas economistas em junho passado, no Fórum Econômico Internacional anual, em São Petersburgo.
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Praticamente sem fanfarras, e sem grande entusiasmo, a mídia-empresa russa trouxe uma nota que pode vir a ter a mais profunda e positiva repercussão sobre o futuro da economia nacional russa. O blog (russo) Katheon, publicou que “O presidente da Rússia Vladimir Putin instruiu [o grupo Stolypin, de economistas] a concluir o relatório do Stolypin Club e, a partir daquele trabalho, preparar um novo programa de desenvolvimento econômico, que configure alternativa ao plano econômico de Kudrin. O programa deve ser entregue ao Gabinete do Conselho Econômico no 4º trimestre de2016.”


No seu comentário, Katheon observa o principal significado da decisão de abandonar a abordagem neoliberal claramente destrutiva, também chamada “de livre mercado”, do ex-ministro de Finanças Alexei Kudrin: “O Relatório do Clube Stolypin aconselha a aumentar investimentos, bombear dinheiro do orçamento do Estado para a economia e emissão de moeda pelo Banco da Rússia. Ao contrário disso, o conceito do Centro para Pesquisa Estratégica (Alexei Kudrin) sugeria que os investimentos teriam de ser privados e caberia ao Estado apenas garantir estabilidade macroeconômica, inflação baixa e baixo déficit no orçamento.”

Kudrin fracassou

Na situação atual de sanções severas, econômicas e financeiras, do ocidente contra a Rússia, o fluxo do esperado investimento privado para a economia, como prega o campo Kudrin, é fraco (para dizer o mínimo). Cortar o que já é déficit mínimo no orçamento só aumenta o desemprego e piora a situação.

O presidente Putin deu-se claramente conta de que o tal “experimento” neoliberal fracassou. Mais provavelmente, o presidente foi forçado a deixar que a realidade econômica se desenrolasse sob o domínio dos neoliberais, até o ponto em que ficou perfeitamente visível para os grupos internos que se tornara absolutamente indispensável e urgentíssimo encontrar outra saída.

Na Rússia, como em todos os países, há interesses privados instalados dentro do Estado; agora afinal esses interesses de contornos neoliberais estão suficientemente desacreditados pelo desempenho pífio do ‘projeto’ Kudrin; e o presidente Putin parece ter decidido que é hora de agir mais decisivamente.

Em todos os casos, o movimento que se observa agora em torno do Grupo Stolypin é muito positivo para a Rússia.

Dia 25 de maio, na reunião do Conselho Econômico russo, depois de um hiato de dois anos, o presidente Putin, ao observar que o grupo era constituído, deliberadamente, de visões divergentes, disse: “Proponho que comecemos hoje a trabalhar com as fontes de crescimento para a economia da Rússia, com vistas à próxima década (…) A dinâmica atual mostra que as reservas e recursos que serviram como forças motrizes de nossa economia no início dos anos 2000 já não estão produzindo os efeitos que então produziam. Já disse no passado e quero reforçar o mesmo ponto hoje: o crescimento econômico não é processo que se ponha em andamento por si mesmo. Se não encontrarmos novas fontes de crescimento, veremos o PIB crescer zero ou perto de zero; nesse caso, nossas possibilidades no setor social, de defesa e segurança nacional e em outras áreas serão consideravelmente inferiores em relação ao que têm de ser, para que consigamos levar o país a desenvolvimento real e a real progresso.”

Agora, três meses adiante, Putin obviamente já decidiu. Claramente está de olhos postos na próxima eleição presidencial russa em março de 2018. Ao fazê-lo, selecionou o único grupo, dos três que constituem o Conselho Econômico, que realmente acredita no papel positivo do Estado no processo de estimular o desenvolvimento da economia nacional.


O Grupo Stolypin está em vários sentidos ligado ao espírito que fez acontecer o “milagre econômico” alemão depois de 1871, cujas ideias geraram o mais impressionante crescimento econômico a partir do atraso em que então vivia a Europa, no período de apenas três décadas. Os dois únicos países que se aproximam daquela realização dos alemães foram os EUA depois de 1865, e a República Popular da China depois de 1979 com o “Socialismo com características chinesas” de Deng Xiaoping. O modelo de desenvolvimento econômico nacional baseia-se no trabalho de um economista nacionalista alemão do século 19, Friederich List, que desenvolveu os traços básicos do modelo.

Três Campos
Durante os anos da Terapia de Choque de Boris Yeltsin nos anos 1990s, economistas de Harvard como Jeffrey Sachs, financiados pelo meta-saqueador George Soros, operaram como conselheiros de Yeltsin. As políticas desastrosas da equipe econômica de Yeltsin, liderada então por Yegor Gaidar, implementaram a privatização com liquidação de patrimônio do Estado, entregue por preços desavergonhadamente baixos a investidores ocidentais, dentre os quais o próprio Soros.

Aqueles economistas promoveram reduções drásticas no orçamento do Estado, cortes nos padrões de vida, eliminação de aposentadorias e pensões da população. Tudo feito, sempre, em nome da “reforma do livre mercado”. Depois daquele trauma, começando na primeira presidência de Putin em 1999, a Rússia iniciou um doloroso processo de recuperação, não com a terapia de choque de Gaidar-Harvard, mas contra e apesar dela – tributo à coragem e à determinação do povo russo.

Por inacreditável que possa parecer, aqueles ideólogos dos livres mercados, seguidores do falecido Gaidar, mantêm até hoje virtual monopólio sobre as políticas dos ministérios de Economia e Finanças da Rússia.

Têm sido ajudados pela líder de outro campo monetarista, ligeiramente diferente, mas igualmente destrutivo: a presidenta do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, que parece obcecada com controlar a inflação e estabilizar o rublo.


Em maio passado, o presidente Putin deu o primeiro sinal de que estava já aberto à ideia de que muito se devia suspeitar, e bem pouco confiar, no que seus ministros de economia e finanças viviam a repetir: que “a recuperação está muito próxima, logo ali, virando a esquina” (como consta que Herbert Hoover teria dito no início da Grande Depressão dos EUA em 1930). O presidente da Rússia convocou o Pleno do Conselho Econômico – que não se reunia já há dois anos –, e ordenou que lhe trouxessem um plano, para resolver os problemas econômicos da Rússia.

Aquele Pleno é constituído de 35 membros que representam os três principais campos em que se divide a gestão da Economia da Rússia.

O ex-ministro neoliberal das Finanças Alexei Kudrin comandava um dos campos apoiado pelos atuais ministros das Finanças Anton Siluanov, e da Economia Alexey Ilyukayev. Esse grupo prega que se apliquem os tradicionais ‘remédios’ do laissez-faire ocidental: drástica redução do papel do Estado na Economia mediante a privatização desmedida de tudo: ferrovias, empresas de energia (como a Gazprom) e tudo que possa ser vendido do patrimônio do Estado. Kudrin também foi nomeado por Putin para copresidir o novo grupo econômico estratégico de 35 membros criado em maio. Muitos economistas do grupo pró-desenvolvimento nacional temeram o pior dessa nomeação, sobretudo o renascimento da teoria do choque de Gaidar, um Mach II. Hoje já se vê claramente que nada disso acontecerá. A abordagem de Kudrin já foi claramente rejeitada como demonstradamente ineficaz.

O segundo grupo era representado pela presidenta do banco central da Rússia, Elvira Nabiullina. É o grupo mais conservador, dos que entendem que nenhuma reforma é necessária nem, e muito menos, qualquer estímulo econômico. Basta manter rota fixa, com taxa de juros do banco central sempre abaixo de dois dígitos e isso – sabe-se lá como! – acabará por matar a inflação e estabilizar o rublo, como se disso dependesse todo o potencial crescimento econômico da Rússia. De fato, parece ser o meio mais seguro para matar lentamente a economia e produzir inflação.

Grupo Stolypin
O terceiro bloco sempre foi ridicularizado pelos ‘observadores’ ocidentais. A organização Straford, ligada ao Pentágono-EUA referiu-se a eles como um “estranho coletivo.” Conheço pessoalmente e já conversei diretamente com o grupo, e, para quem tenha clara consciência moral, nada há de estranho com eles.

Esse é o grupo que, depois de dois meses desde que Putin anunciou seu projeto para desenvolver a Rússia, emergiu agora com mandado oficial para expor seus planos para repor a Rússia na trilha do desenvolvimento.

O grupo, essencialmente, trabalha com projetos do que o grande e quase esquecido economista alemão do século 19 Friedrich List chamaria de estratégias de “economia nacional”. A abordagem de List, de base econômica histórico-nacional, sempre esteve em oposição direta ao pensamento econômico da escola do ‘livre mercado’, do então dominante pensamento britânico de Adam Smith.

As ideias de List foram crescentemente integradas à estratégia econômica do império alemão, iniciada sob a Zollverein ou União Aduaneira Alemã de 1834, que unificou todo o mercado interno alemão. À altura dos anos 1870s, já havia criado a base para a mais colossal emergência da Alemanha como rival econômica da Grã-Bretanha, que, em 1914, já superara os britânicos em todas as áreas.

Esse terceiro grupo, o Grupo Stolypin, na reunião de maio de 2016, incluía Sergei Glazyev e Boris Titov, copresidente de Business Russia, e “ombudsman de negócios” da Rússia desde que o cargo foi criado em 2012. Esses dois economistas, Titov e Glazyev (conselheiro de Putin para assuntos da Ucrânia, dentre outros temas) são membros fundadores do Stolypin Club na Rússia. Em 2012, Glazyev[2] foi nomeado por Putin, então primeiro-ministro, para coordenar o trabalho das agências federais no desenvolvimento da União Aduaneira com Belarus, Cazaquistão e Rússia, que hoje constitui a União Econômica eurasiana. Titov, que também é presidente do Partido da Causa Certa (“Partido do Crescimento“), é empresário russo bem-sucedido que, em anos recentes, voltou a trabalhar em vários projetos de economia politica dentro do Estado, frequentemente em declarada oposição às ideias liberais de livre mercado de Kurdin. Importante, Titov também é copresidente do Conselho de Comércio Russo-Chinês.

Indicação ampla do tipo de propostas que virão do Grupo Stolypin para reviver na Rússia um substancial crescimento econômico e enfrentar os graves déficits básicos de infraestrutura que tão gravemente emperram qualquer empreitada produtiva veio numa série de propostas que Glazyev apresentou em setembro de 2015 ao Conselho de Segurança Nacional da Rússia, corpo consultivo que trabalha muito perto do presidente Putin.

Naquela ocasião, Glazyev propôs um ‘mapa do caminho’ quinquenal para o crescimento de longo prazo e a soberania econômica da Rússia. O objetivo era tornar o país imune a choques externos e à influência externa e, no limite, a arrancar a Rússia da periferia para pô-la no centro do sistema econômico global. Entre as metas está elevar a produção econômica em 30-35% no período de cinco anos; criar uma “economia do conhecimento” socialmente orientada, mediante a transferência de recursos econômicos substanciais para educação, atenção à saúde e para os serviços sociais em geral; criar instrumentos que visem a aumentar a poupança como porcentagem do PIB; e outras iniciativas, inclusive uma transição para uma política monetária soberana.

Em 1990, a mais alta prioridade de Washington e do FMI era pressionar Yeltsin e a Duma para que “privatizassem” o Banco do Estado da Rússia, com uma emenda à Constituição que ordenava que o novo Banco Central da Rússia, como o Federal Reserve ou o Banco Central Europeu, passasse a operar  como entidade puramente monetarista, cujo objetivo seria controlar a inflação e estabilizar o rublo. De fato, o mecanismo para criar dinheiro na Rússia foi retirado da soberania do Estado e conectado ao dólar norte-americano.

O plano de Glazyev em 2015 também propunha que se usassem os recursos do Banco Central para prover empréstimos orientados para empresários e indústrias, de modo a garantir-lhes taxas subsidiadas de juros, entre 1-4%, o que seria possível graças a um ‘alívio quantitativo’ da ordem de 20 trilhões de rublos num período de cinco anos. O programa também sugeria que o Estado apoiasse empresários mediante a criação de “obrigações recíprocas” para a compra de produtos e serviços por preços fixados. Glazyev também propôs que o rublo fosse fortalecido como alternativa ao sistema já falido do dólar; para tanto, o Estado deveria comprar ouro, como lastro para a moeda. E propôs que o banco central fosse obrigado a comprar toda a produção de ouro das minas russas a um determinado preço, para aumentar o lastro do rublo. A Rússia é hoje o segundo país maior produtor de ouro.

Obviamente o presidente russo já se apercebeu de que qualquer avanço que a Rússia venha a obter no campo da política externa sempre poderá ser imediatamente desvalorizado por economia que não responda à real necessidade do país – o calcanhar de Aquiles da Rússia, como comentei em outro artigo. O anúncio feito por Putin no dia 25 de julho tem potência para reverter esse risco, se o projeto for levado a cabo com determinação em todos os níveis.  Aí, cabe ao presidente a responsabilidade de expor com clareza a estratégia de seu governo para os próximos cinco anos. É prazo útil para que se avaliem resultados, sem nada a ver com os velhos planos quinquenais dos soviéticos, como De Gaulle da França também compreendeu bem.

Ao oferecer aos cidadãos uma visão clara do futuro, Putin pode mobilizar os notáveis recursos humanos da Rússia para literalmente conseguir o impossível: converter em prosperidade genuína uma economia esfacelada; e prosperidade erguida sobre fundamentos muito mais sólidos que os do laissez-faire monetarista do ocidente, hoje já em bancarrota. Bravo, Rússia!*****

[1] Sobre o mesmo assunto, ver também “Governo russo está revendo as políticas neoliberais”, 10/8/2016, Paul Craig Roberts e Michael Hudson, Paul Graig Roberts Website, traduzido no Blog do Alok [NTs].

[2] Sobre Glazyev, ver  “Aliança anti-dólar; “Entrevista com SG“; “Plutocracia ocidental“, dentre outros artigos traduzidos [NTs].

Por que Portugal vai reforçar presença no Atlântico vigiando Ilhas Selvagens?

Foto - Ilhas Selvagens. Sputnik
O envio de agentes da Polícia Marítima ao arquipélago das Ilhas Selvagens remonta a história secular de disputa pela "última fronteira" marítima com a Espanha. São três pequenas ilhas rochosas localizadas no Oceano Atlântico entre a Madeira (Portugal) e as Canárias (Espanha) onde não há atividade econômica e recursos naturais. Nas Ilhas Selvagens também quase não há habitantes, à exceção dos dois agentes ambientais cuja função é proteger a rica biodiversidade terrestre e marítima. Mas a partir do final de agosto essa "população" vai dobrar, com o envio de dois membros da Polícia Marítima de Portugal e, em 2017, um agente da Marinha portuguesa. Mas por quê Portugal vai vigiar um conjunto de ilhas desertas?
O investimento na fiscalização de um local selvagem é uma jogada que revive um conflito de quase 500 anos com a vizinha Espanha que já gerou momentos de tensão. O domínio das pequenas ilhas não está em jogo, pois elas são propriedade de Portugal reconhecidamente desde 1938. A disputa atual reside na sua classificação. Para os espanhóis, as Selvagens são apenas rochedos. Para os portugueses, formam um arquipélago tão importante que foi visitado por todos os presidentes desde os anos 90 e será vista de perto pelo atual presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, no final de agosto.
"O objetivo principal é claramente o de reafirmação e de reforço prático da soberania portuguesa sobre o extremo mais a sul do território nacional, apesar desta não estar em causa", afirma à Sputnik o professor Pedro Quartin Graça, doutor em Políticas Públicas pelo ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa) com uma tese intitulada "A importância das ilhas no quadro das políticas e do direito do mar: o caso das Selvagens".
Mas por que a classificação das Selvagens, se ilhas ou rochedos, faz diferença? Para responder é preciso dar uma olhada no mapa. Localizadas no Atlântico, 165 km ao norte das Ilhas Canárias e 280 km ao sul da Madeira, elas influenciam diretamente na definição da linha imaginária que divide os espaços marítimos de Portugal e Espanha. As pretensões dos portugueses em ampliar seu espaço marítimo colidem com as pretensões dos vizinhos espanhóis, ambas já apresentadas à Organização das Nações Unidas (ONU). E o motivo é justamente a classificação das Selvagens.

A Espanha quer que as Selvagens sejam consideradas apenas rochedos porque assim, segundo o Direito Marítimo, teriam direito a apenas 12 milhas (22 km) de mar territorial. Se classificadas como ilhas, esse espaço aumenta para 41 milhas (76 km), metade da distância entre as Selvagens e as Canárias. 

Essa disputa gerou momentos de tensão há menos de 30 anos, como quando a Força Aérea Espanhola realizou voos rasantes sobre as ilhas e, após o protesto de Portugal, foi obrigada a emitir um pedido formal de desculpas. Mais recentemente, após a visita do ex-presidente Cavaco Silva ao local em 2013, a Espanha enviou reclamação ao órgão da ONU para Assuntos Oceânicos e Direito do Mar reforçando sus argumentos para que o arquipélago seja considerado apenas um rochedo.

Pedro Quartin Graça acredita que a disputa sobre a classificação das Selvagens como ilhas ou rochedos não parece estar perto do fim. "É, de forma simbólica, a disputa da 'última fronteira', e ninguém a quer perder. Com tudo o que isso implica", afirma o professor, que conversou com a Sputnik desde a Madeira, onde está em férias.
"A Espanha não parece disposta a abdicar daquilo que é, no meu entender, uma errada visão histórica que tem sobre as Selvagens e o fato de, na realidade, estas serem ilhas e não, como a Espanha afirma há décadas, meros rochedos inabitados e não passíveis de exercício de qualquer atividade econômica. Espanha sabe que não tem razão mas insiste em defender que a tem", diz o professor.
O investimento de Portugal em infraestrutura nas ilhas inclui a instalação de um radar com alcance de 24 milhas, o envio de dois agentes da Polícia Marítima a partir da próxima segunda-feira, a aquisição de duas lanchas de fiscalização e o futuro deslocamento de um membro da Marinha para o local. O objetivo escondido neste movimento é reforçar os argumentos do país perante as Nações Unidas na disputa com a Espanha.

"O referido envio serve como efetivação da autoridade do Estado, muito descurada durante décadas, em sede de poderes de vigilância e de fiscalização das atividades, legais e ilegais, exercidas no âmbito mais alargado da ZEE (Zona econômica exclusiva), do mar territorial e da reserva natural e constitui, a par, uma visível demonstração da importância que Portugal atribui à sua fronteira mais a sul, isto num quadro de relacionamento com Espanha por força da proximidade geográfica das Selvagens às Canárias. Serve, sobretudo, como aviso de que Portugal não anda "a dormir" no que toca à defesa dos seus interesses, o que é de louvar pelo alcance prático da iniciativa que, diga-se, há muito defendíamos como sendo de transcendental interesse nacional", explica professor Quartin Graça.
O reforço da presença do Estado melhora as condições para o exercício da autoridade do Estado", disse em junho passado o ministro português da Defesa, Marcos Perestrello, citado pelo jornal Público. O atual presidente português falou na mesma ocasião sobre a visita e rejeitou qualquer intensão de manifestação de soberania. Marcelo Rebelo de Sousa disse que não há nenhuma motivação política ou jurídica na sua viagem às Selvagens programada para os dias 28, 29 e 30 de agosto. Ele justificou que visitará o arquipélago por "curiosidade", porque sempre quis, como cidadão.
"Apesar do Presidente da República ter desdramatizado a questão do exercício da soberania sobre as Selvagens, e ter introduzido na sua visita uma oportuna passagem pelas Desertas, é por demais evidente que Marcelo Rebelo de Sousa, não só está muito bem informado sobre a importância das Selvagens, como sabe que é lá que se joga, em matéria da classificação destas como ilhas ou como rochedos, o futuro de uma enorme parcela da ZEE de Portugal", aponta o professor Quartin Graça. Ex-deputado pelo PSD e reconhecido estudioso sobre as Selvagens, ele argumenta que "uma visita de um Chefe do Estado a uma parte do território pátrio nunca se pode classificar como sendo apenas feita a título de curiosidade. É na realidade muito mais do que isso, quer interna, quer externamente".






sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Contra infarto e AVC, uma dose de ácido acetilsalicílico a cada três dias, diz estudo.

Em artigo no The Journal of Clinical Pharmacology, pesquisadores brasileiros mostram que benefício do novo esquema terapêutico é equivalente ao da dose diária e tem menor risco gastrointestinal (Foto: Wikimedia Commons)
Karina Toledo  |  Agência FAPESP – Para pacientes de risco, a ingestão de uma dose de ácido acetilsalicílico (AAS) a cada três dias pode ser tão eficiente na prevenção de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e doença vascular periférica quanto consumir o medicamento diariamente. E com uma vantagem: a probabilidade de complicação gastrointestinal diminui.
A conclusão é de um estudo brasileiro apoiado pela FAPESP e pela Biolab Farmacêutica. Os resultados foram publicados no The Journal of Clinical Pharmacology e o artigo foi destacado como “escolha do editor”.
“Há 50 anos o AAS tem sido adotada na prevenção de eventos cardiovasculares, mas seu uso constante pode causar irritação e sangramento gástrico – muitas vezes sem sintomas prévios. Por isso, nos últimos anos, vem se tentando reduzir a dose. Neste estudo, propomos um esquema terapêutico diferente”, disse Gilberto De Nucci, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp) e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), coordenador do Projeto Temático ao qual está vinculado o estudo.
Conforme explicou De Nucci, o ácido acetilsalicílico inibe a ação da enzima cicloxigenase (COX). Nas plaquetas, isso diminui a produção de tromboxano, um tipo de lipídeo que favorece a agregação plaquetária. Por essa razão, na linguagem popular, costuma se dizer que o AAS “afina” o sangue, ou seja, diminui a probabilidade de formação de coágulos que podem obstruir o fluxo sanguíneo.
Por outro lado, na mucosa gástrica, a inibição da enzima COX diminui a produção de prostaglandinas – substâncias lipídicas que protegem o estômago e o intestino.
“Originalmente, o AAS americano tinha 325 miligramas (mg) do princípio ativo. Na tentativa de diminuir os efeitos adversos, a dose foi reduzida para 162 mg e, depois, para 81 mg. Também há comprimidos de 75 mg. Mas a verdade é que, até hoje, ainda não se sabe ao certo qual é a dose necessária para obter o benefício cardiovascular”, comentou De Nucci.
No ensaio clínico realizado durante o doutorado de Plinio Minghin Freitas Ferreira, na USP, sob orientação de De Nucci, foi adotada a dose de 81 mg. Vinte e quatro voluntários sadios foram divididos em dois grupos. Metade recebeu AAS todos os dias durante um mês. Os demais receberam o fármaco a cada três dias e, no intervalo, apenas placebo.
Antes e ao final do tratamento, todos os voluntários passaram por diversos exames, entre eles endoscopia, biópsia gástrica e teste de agregação plaquetária. Também foi medido no sangue o nível de tromboxano e, no estômago, o de prostaglandina do tipo 2 (PGE2).
“No grupo que tomou AAS todos os dias, houve uma redução de 50% na síntese de PGE2, enquanto nos voluntários que tomaram a cada três dias não foi observada diferença em relação aos níveis basais. Por outro lado, em ambos os grupos, a inibição de tromboxano foi superior a 95% e o resultado no teste de agregação plaquetária foi equivalente”, contou De Nucci.
Na avaliação de Ferreira, os dados permitem concluir que o uso de AAS a cada 72 horas é tão eficaz quanto – e mais seguro – do que seu uso diário. Essa descoberta, segundo o pesquisador, abre a possibilidade de adotar o fármaco também na prevenção primária de eventos cardiovasculares.
Atualmente, o Food and Drug Administration (FDA) – órgão que regulamenta o consumo de alimentos e de medicamentos nos Estados Unidos – recomenda que o AAS seja usado apenas na prevenção secundária de doenças cardiovasculares, ou seja, em pacientes diagnosticados com doença vascular periférica e os que já tiveram algum episódio de infarto ou AVC e correm risco de um segundo evento. Somente nessa situação, segundo o FDA, os benefícios da terapia suplantariam os riscos de efeitos adversos.
“Com esse novo esquema terapêutico, o AAS também poderia ser usado no tratamento de pacientes que nunca tiveram um evento cardiovascular, mas apresentam alto risco, como os diabéticos”, disse Ferreira.
Patente
Os dois grupos de voluntários que participaram do ensaio clínico receberam, além de AAS, o anti-hipertensivo losartan. Conforme explicou De Nucci, o objetivo foi mostrar que uma droga não influencia a ação da outra.
Em um estudo anterior, publicado no Journal of Bioequivalence & Bioavailability, o grupo já havia mostrado que o AAS não diminui a biodisponibilidade do losartan. As duas drogas são frequentemente associadas no tratamento de pessoas com insuficiência cardíaca, hipertensão e doenças isquêmicas.
“Em parceria com a Biolab, nós solicitamos nos Estados Unidos a patente do esquema terapêutico adotado no estudo. Umas das possibilidades em estudo é lançar um produto que associe, na mesma cartela, o AAS e o losartan ou algum outro medicamento. No primeiro dia, o paciente tomaria os dois fármacos, no segundo e no terceiro, apenas o anti-hipertensivo e placebo e assim por diante. Isso ajudaria as pessoas a tomar os medicamentos corretamente”, afirmou De Nucci.
O artigo Acetylsalicylic Acid Daily vs Acetylsalicylic Acid Every 3 Days in Healthy Volunteers: Effect on Platelet Aggregation, Gastric Mucosa, and Prostaglandin E2 Synthesis (doi: 10.1002/jcph.685) pode ser lido em onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jcph.685/full.

link: http://agencia.fapesp.br/contra_infarto_e_avc_uma_dose_de_acido_acetilsalicilico_a_cada_tres_dias_diz_estudo/23792/

Reitores das federais no estado de SP não descartam fechamento de cursos.


Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas teme retrocessos na educação. MAURÍCIO DE SOUZA/ALESP



Cida de Oliveira. Da RBA.
A Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas no estado de São Paulo e reitores das universidades federais localizadas em São Paulo (Unifesp), do ABC (UFABC), de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) vão solicitar audiência com os ministros da Educação, Mendonça Filho, da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Dyogo Henrique de Oliveira, para apresentar as dificuldades enfrentadas nas instituições.
A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira (18), durante reunião da frente feita para discutir a grave crise. Um documento já está sendo finalizado pelos reitores para ser levado às audiências. E o coordenador da frente, deputado Carlos Neder (PT), vai pedir autorização à Assembleia Legislativa para acompanhar os reitores a Brasília.
O quadro apresentado pelos reitores é preocupante. Ao mesmo tempo em que as universidades estão sendo ampliadas, com a criação de novos campi, os recursos vêm sendo contingenciados. Além disso, a maioria dos estudantes dessas universidades é oriunda de famílias mais pobres, que ingressaram por meio de ações afirmativas. A UFSCar, por exemplo, é a universidade brasileira que tem o maior número de alunos indígenas.
“Pelas incertezas, está em jogo todo o avanço dos últimos dez anos. Não há futuro para quem não tem sistema forte de educação, ciência e tecnologia para o salto qualitativo. E precisamos juntar forças”, disse o pró-reitor de gestão de pessoas da UFSCar, Mauro Rocha.
“Se os parâmetros de corte continuarem, a universidade estará inviabilizada. Temos de ir aos ministérios, ao parlamento, para reverter esse cenário”, disse a reitora da Unifesp, Soraya Smailli. Segundo ela, há obras paralisadas na ampliação de ambulatórios do Hospital São Paulo, que atende à população da capital e de diversas cidades do interior.
“Se a atual situação perdurar, em dois anos, o nosso ensino vai ser à base do cuspe e giz, vamos ter de cortar vagas”,  disse Eduardo Antonio Módena, reitor do Instituto Federal de São Paulo. De acordo com ele, mais da metade dos alunos são cotistas e dependem de assistência estudantil. “Vai aumentar a evasão porque essa assistência é fundamental.”

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Teste de integridade de servidor público provoca discordâncias entre deputados.

O projeto prevê que os testes de integridade serão realizados preferencialmente pela Corregedoria, Controladoria, Ouvidoria ou órgão de fiscalização e controle. Estes órgãos deverão avisar previamente o Ministério Público e os resultados não poderão ser divulgados ao público.
Deputados da comissão especial que analisa o projeto que altera a legislação de combate à corrupção (PL 4850/16) divergiram em relação a um dos pontos mais polêmicos da proposta, a criação do chamado teste de integridade para os servidores públicos.
Os testes de integridade dividem os especialistas ouvidos pela comissão e consistem em simular a oferta de vantagens, sem o conhecimento do servidor público, com o objetivo de testar sua conduta moral e predisposição para cometer ilícitos.
Luis Macedo / Câmara
Audiência pública para tomada de depoimento da ex-secretária executiva, Lytha Battiston Spindola. Dep. Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Carlos Sampaio: não faz sentido aplicar os testes em uma categoria e não para outra
Os integrantes da comissão defenderam mais estudo sobre alguns pontos da proposta e disseram que isso não significa “afrouxamento” da legislação.
Psicotécnico mais rigoroso
“Eu, como policial de carreira, lamento quando um policial corrupto é afastado e volta por meio de decisão judicial. Não conheço ninguém mais nocivo à sociedade que o bandido que usa uma arma e é policial”, disse o deputado Aluísio Mendes (PTN-MA), que é policial federal.

“Mas acho complicado o teste de integridade do jeito que foi proposto. Talvez isso seja resolvido com um teste psicotécnico mais rigoroso, na hora da seleção”, acrescentou o parlamentar.
“Não faz sentido aplicar os testes obrigatoriamente para uma categoria e não para outra”, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
Gilmar Felix / Câmara
Reunião Ordinária. Dep. José Fogaça (PMDB-RS)
José Fogaça: vejo no teste uma possibilidade nova, como programa permanente de controle de corrupção por amostragem
O deputado Marcos Rogério (DEM-RO) questionou a constitucionalidade do teste de integridade. “O teste é incompatível com a Constituição. Este dispositivo pode ser criado se alterando a Constituição, e não por meio de um projeto de lei”, disse.
Controle da corrupção
O deputado José Fogaça (PMDB-RS) defendeu os testes. “Eu vejo no teste de integridade uma possiblidade nova, como um programa permanente de controle de corrupção por amostragem”, disse.

O projeto prevê que os testes de integridade serão realizados preferencialmente pela Corregedoria, Controladoria, Ouvidoria ou órgão de fiscalização e controle. Estes órgãos deverão avisar previamente o Ministério Público e os resultados não poderão ser divulgados ao público.
A proposta também prevê que os testes poderão ser realizados pelo Ministério Público ou pelos órgãos policiais, mediante autorização judicial, em investigações criminais ou que digam respeito à prática de atos de improbidade administrativa.
Provas inválidas
Além do teste de integridade, o projeto de lei prevê outras medidas polêmicas, que dividem os juristas, como a necessidade de o Ministério Público opinar sobre pedidos de habeas corpus, a prisão preventiva para evitar a dissipação do dinheiro desviado e o uso de provas consideradas inválidas em determinados casos.

O projeto também aumenta as penas para crimes contra a administração pública, garante o sigilo da identidade da pessoa que denunciar crimes e criminaliza o enriquecimento ilícito.
Confisco do patrimônio
Além disso, torna hediondos os crimes contra a administração pública e permite ao juiz não aceitar recursos quando considerar que eles são apenas para atrasar o processo.

O projeto também prevê o chamado “confisco alargado”, que é confisco do patrimônio do réu considerado corrupto mesmo quando não existem provas de que aquele bem é fruto de corrupção; responsabiliza os partidos políticos em caso de atos ilícitos e criminaliza o caixa dois em campanhas eleitorais.
Conteúdo relevante
Na audiência pública, o representante do Movimento Vem pra Rua, Jailton Almeida, defendeu as propostas e criticou quem aponta ilegalidades nas chamadas “dez medidas contra a corrupção”.

“Há, nas dez medidas, conteúdo social muito relevante. A Câmara dos Deputados tem a missão de dar respaldo a um desejo da população. E isso não tem lado, não tem cor. Quando formos criticar as dez medidas, que seja construtivamente. Para não frustrar todo o País”, disse.
Reportagem – Antonio Vital
Edição – Newton Araújo

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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Brasil. Desemprego cresce em todo o país e vai a 11,3% no 2º trimestre, diz IBGE.

Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
O movimento na Rua 25 de Março, maior centro de comércio popular de São Paulo
Brasil tem hoje 11,6 milhões de desempregados. Taxa de desocupação é de 11,3%Marcelo Camargo/Agência Brasil



















A taxa de desocupação subiu em todas as grandes regiões do país, fechando o segundo trimestre do ano em 11,3% comparativamente ao mesmo período de 2015. Os dados foram divulgados hoje (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que as taxas são as mais altas já registradas para cada uma das regiões do país, desde o início da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), em janeiro de 2012.

Na região Norte, a taxa de desocupação foi de 8,5% para 11,2%; no Nordeste, de 10,3% para 13,2%; no Sudeste, de 8,3% para 11,7%; no Sul, de 5,5% para 8,0%; e no Centro-Oeste, de 7,4% para 9,7%. No primeiro trimestre de 2016, as taxas haviam sido de 12,8% no Nordeste, 11,4% no Sudeste, 10,5% no Norte, 9,7% no Centro-Oeste e 7,3% no Sul.

Entre as unidades da federação, as maiores taxas de desemprego no segundo trimestre de 2016 foram observadas no Amapá (15,8%); Bahia (15,4%) e Pernambuco (14%), enquanto as menores taxas estavam em Santa Catarina (6,7%), Mato Grosso do Sul (7%) e Rondônia (7,8%).

11,6 milhões de desempregados
Dados divulgados anteriormente pelo IBGE indicam que a taxa geral de desemprego, de 11,3% no trimestre encerrado em junho, é também a maior da série histórica e indicava uma população desocupada de 11,6 milhões de pessoas, um crescimento de 4,5% em relação aos primeiros três meses do ano. Quando a comparação se dá com o segundo trimestre do ano passado, no entanto, o aumento da população desocupada chegou a 38,7%.

A pesquisa indica, ainda, que o nível de ocupação (indicador que mede a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar) ficou em 54,6% para a totalidade do Brasil no segundo trimestre deste ano.

As regiões Nordeste (48,6%) e Norte (54,4%) ficaram abaixo da média do país. Já nas demais regiões, o nível de ocupação variou dos 59,1% verificados na região Sul, passando pelos 59,2% do Centro-Oeste e até os 56,1% do Sudeste.

Por estado, Mato Grosso do Sul (61,1%), Santa Catarina (59,4%), Paraná (59,2%) e Goiás (59,2%) apresentaram os maiores percentuais, enquanto Alagoas (42,9%), Pernambuco (46,6%) e Rio Grande do Norte (47,2%) apresentaram os níveis de ocupação mais baixos.

Carteira de trabalho assinada
Os dados divulgados hoje pelo IBGE, relativos à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, referentes ao segundo trimestre do ano, apontam a região Sul do país como a que registra o maior percentual de empregados com carteira de trabalho assinada (85,4%), seguida do Sudeste (82,7%) e Centro-Oeste (com 77,5%), todos com percentual de trabalhadores formais superiores à média nacional do país, que fechou o segundo trimestre em 77,3%.

No Nordeste, este percentual de trabalhadores com carteira assinada encerrou o segundo trimestre do ano em 62,25%, enquanto no Norte o índice estava em 61,5%, todos abaixo da média nacional.

Por estado, Santa Catarina (89,7%), Distrito Federal (86,2%) e Rio de Janeiro (85,7%) apresentaram os maiores percentuais de empregados no setor privado com carteira de trabalho, enquanto Maranhão (51,8%), Piauí (52,3%) e Pará (57,4%) exibiram os menores.

Rendimento médio
Os dados da pesquisa indicam que três das principais regiões metropolitanas do país apresentavam um rendimento médio real habitual dos trabalhadores brasileiros acima da média nacional, de R$1.972. Na região Sudeste, o rendimento médio real era no fechamento do segundo trimestre de R$ 2.279, no Centro-Oeste (R$ 2.230) e no Sul (R$ 2.133). Já na região Norte, ele ficou em R$ 1.538 e Nordeste (R$ 1.334), em ambos os casos abaixo da média nacional.

Por estado, o Distrito Federal apresentou o maior rendimento (R$ 3.679), seguido por São Paulo (R$ 2.538) e Rio de Janeiro (R$ 2.287). Os menores valores foram anotados no Maranhão (R$ 1.072), Bahia (R$ 1.285) e Ceará (R$ 1.296).

(*) Texto atualizado às 10h11 para acréscimo de informações

Edição: Kleber Sampaio