quinta-feira, 27 de julho de 2017

Imprensa alemã descreve papel da VW (Volkswagen) na ditadura brasileira.



Leia mais: Brasil. Volkswagen colaborou ativamente com a ditadura, diz imprensa alemã. https://maranauta.blogspot.com.br/2017/07/23-brasil-volkswagen-colaborou-ativamente.html.



Historiador da Volks da Alemanha procura trabalhadores do Brasil.

No ano de 2015 "em função das críticas que vêm recebendo, a empresa tomou uma iniciativa de contatar diretamente ex-trabalhadores. A preocupação corporativa com o assunto levou a trazerem da Alemanha o Sr. Manfred Grieger, chefe do seu Departamento de História Corporativa. Grieger escreveu um livro chamado Volkswagen e os trabalhadores no III Reich (MOMMSEN, Hans e GRIEGER, Manfred. Das Volkswagenwerk nd seine Arbeiter im Dritten Reich. Dusseldorf, ECON, 1997), no qual descreve os crimes cometidos pela empresa no período nazista. 

Segundo a empresa, o motivo do chamado seria recuperar a atuação no passado da Volks, considerando que a empresa fez o mesmo trabalho de resgate histórico na Alemanha em razão da sua intensa colaboração com o nazismo. Mesmo sabendo que seria encaminhada ao Ministério Público uma representação relativa à conduta da empresa no período da ditadura brasileira, a empresa optou por tentar reunir para entrevistas individuais os trabalhadores que a acusaram publicamente. 

Essa iniciativa não foi anunciada na audiência pública ou comunicada ao Ministério Público. A vinda do historiador ao Brasil se deve à experiência internacional da Volks de reparar danos da sua convivência com regimes autoritários. Os acionistas minoritários na Alemanha têm cobrado da empresa explicações sobre sua política no Brasil após a circulação do relatório da Comissão Nacional da Verdade em dezembro de 2014.

O encaminhamento possível.


A empresa, através de seu representante na audiência pública na Comissão Rubens Paiva e diante de seu presidente Deputado Adriano Diogo e do Vereador José Ferreira, presidente da Comissão Municipal da Verdade de São Bernardo do Campo, reafirmou formalmente seu interesse em esclarecer a verdade sobre os fatos dos quais é acusada e a disposição de colaborar com as investigações. Segundo o representante, a falta de respostas da empresa sobre as denúncias dos trabalhadores deve-se ao desconhecimento dos acontecimentos das décadas anteriores. Apesar disso, reafirmou a disposição de cooperar. 

O Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação, apoiado por entidades sindicais, deverá dar encaminhamento ao que foi apurado pelas diversas comissões da verdade. Os trabalhadores/as não têm nada a esconder. Pelo contrário, tornar públicas as graves violações de direitos humanos descobertas e batalhar pela devida reparação é lançar luz sobre um período obscuro da história nacional e combater seus resquícios no presente. Aguardamos a posição da empresa."

(1) GOMES, Américo. “Multinacionais alemãs se beneficiaram do golpe de 1964”. Disponível em http://www.pstu.org.br/node/20027. Acessado em 02 de dezembro de 2014. 

(2) “Na Fiesp, convidavam-se empresários para reuniões em cujo término se passava o quepe. A Ford e a Volkswagen forneciam carros, a Ultragáz emprestava caminhões, e a Supergel abastecia a carceragem da rua Tutóia com refeições congeladas”. GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p.63. 

(3) CASADO, José. “Operários em greve”. In: O Globo (15/05/2005). “Em 1969, um dos chefes era Adhemar Rudge, coronel do Exército e engenheiro com domínio do idioma alemão. — Nunca houve terroristas nas fábricas — conta. — Nos preveníamos eventualmente com alguma troca de informações com o Dops. Ele nega participação no "Grupo de Trabalho" das empresas com a polícia política apesar dos registros na documentação do Dops: — Nunca houve grupo, nem reunião, nada. Só tratávamos da segurança do patrimônio”. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/rede-parlamentar-nacional-de-direitos-humanos/perseguicao.

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