quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Valorização da TV Pública, banda larga, campanha contra coronelismo eletrônico e regulamentação da Constituição são caminhos para democratizar a mídia.

Via NPC
Tatiana Lima
Venício Lima fala sobre caminhos para a democratização
Venício Lima fala sobre caminhos para a democratização

Na sexta-feira, dia 7 de novembro, com a mesa “Impasses na Democratização da Comunicação no Brasil”, o 20º Curso Anual do NPC abordou a regulação da mídia. A mesa foi composta pelo cientista político Venício Lima (UNB), o professor Marcos Dantas (UFRJ) e a jornalista Bia Barbosa, do coletivo Intervozes.

O professor e cientista político Venício Lima destacou que atualmente acredita que é necessário para a democratização das comunicações o cumprimento de quatro pontos mínimos: regulação da Constituição de 1988 existente há 25 anos; funcionamento dos Conselhos Estaduais de Comunicação que já existem; distribuição de verbas públicas de publicidade para veículos que dão voz àqueles que normalmente não têm espaço nos meios tradicionais; e o apoio à mídia pública.

Apoiar a mídia pública, para Venício Lima, é uma postura ausente tanto por parte do governo federal quanto das organizações e entidades de base da sociedade: “Quais são os atores ou não atores, como eu proponho chamar devido à falta de postura social, no debate da regulação da mídia e em defesa da mídia pública? A igreja Católica defende essa pauta? E as universidades públicas? Exceto algumas, não há esse debate na universidade”, ponderou.

Ele ainda ressaltou a falta de defesa da mídia pública por parte da presidente Dilma Roussef. “A presidenta reeleita, logo depois das eleições, concedeu entrevista para Record, SBT, Globo e Band, mas não para a TV Brasil. Fiquei sabendo que a TV Brasil solicitou, mas não teve sequer uma resposta por parte da Presidência. Na minha opinião, a presidente deveria ter chamado uma coletiva de imprensa comandada pela TV Brasil, e não chamar cada veículo separadamente e excluir a única TV Pública”.

Poucos avanços podem ser interrompidos
Bia Barbosa apresenta campanha contra Coronelismo Eletrônico
Bia Barbosa apresenta campanha contra Coronelismo Eletrônico

A jornalista Bia Barbosa, integrante do coletivo Intervozes, destacou não só os entraves para a democratização da comunicação no Brasil, mas os riscos da perda dos poucos avanços alcançados pela sociedade civil. Dentre eles, a classificação indicativa para exibição de programas e filmes na TV. “Corremos o risco de perder a classificação indicativa em uma ação que já está sendo julgada pelo STF”, alertou a jornalista Bia Barbosa.

Ela também mostrou imagens da campanha “Fora Coronéis da Mídia: um protesto contra os políticos que controlam empresas de comunicação”. A campanha teve início durante o período eleitoral para alertar a população sobre a influência e poder de políticos da Câmara dos Deputados e até do Senado que praticam o “coronelismo eletrônico”, ou seja, que controlam, direta ou indiretamente, estações de rádio e de TV. Para mais informações, acesse

Universalização da Banda Larga é fundamental para a cidadania.


Marcos Dantas pontua importância da universalização da Banda Larga
Marcos Dantas pontua importância da universalização da Banda Larga
Já para o professor e pesquisador Marcos Dantas, a democratização dos meios de comunicação passa obrigatoriamente pela manutenção de acesso à internet livre e a promoção desse acesso de forma pública. “A democratização dos meios passa por assegurar que os espaços que existem hoje na internet sejam livres, porque hoje eles estão sob ameaça. Uma questão que nós temos colocado muito é a universalização da banda larga”.

Porém, Dantas problematizou a qualidade e a forma de uso para a informação tanto da banda larga como de redes sociais. “A comunicação da banda larga está se universalizando pelo aparelho do Smartphone e por uma comunicação 3g. Mas esses jovens, cada vez mais conectados, estão debatendo política? Não, estão no Facebook fazendo a mesma coisa que fariam se estivesse em frente à TV, porque esse é o comportamento das pessoas no seu cotidiano. É preciso haver uma ação ou algo diferente que faça a sociedade se mover mais”, ressaltou o professor. Ele também fez críticas ao uso de redes sociais fechadas como o Facebook, as quais exigem login e senha de acesso.

“Você não paga nada pelo uso do Facebook, mas ele te controla e te vende. Você acha que ele dá toda a liberdade para você ficar ali de graça, mas na verdade não é assim. As informações que você fornece ali na página do Face, como foto e seus hábitos cotidianos, são fonte de informação para toda uma estratégia de marketing que está por trás de diferentes redes de consumo: fabricante de cerveja, remédio, carro, viagem etc. Ou seja: ganham muito dinheiro com você”, ironizou o professor. E completou: “O Instagram foi vendido por um bilhão de dólares para o Facebook. E o que tem lá para essa rede valer tudo isso? Você! Você vale muito, mas como consumidor. Como ativista, você não interessa nada”.

O professor Marcos Dantas também pontuou que, ao se debater a democratização dos meios de comunicação, em geral se discutem somente os oligopólios dos meios de comunicação, principalmente, o poder das Organizações Globo. Contudo, o sistema de cabos de canais de televisão fechados, concessões de rádio, entre outros meios, também precisam ser problematizados. “Temos que olhar para frente e aproveitar essa juventude para tentar construir um novo ambiente de comunicação mais democrático e participativo, se apropriando das ferramentas que a gente tem”, concluiu.



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