domingo, 28 de abril de 2013

Seita suspeita de trabalho escravo é alvo de operação da Polícia Federal

 
Uma seita religiosa chamanda "Jesus a verdade que marca" é alvo de uma operação da Polícia Federal nesta terça-feira (23) no Sul de Minas. 

A ação, que também tem a participação do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério Público do Trabalho, tem como objetivo fiscalizar fazendas e estabelecimentos comerciais da seita.

Conforme a Polícia Federal, o grupo religioso atua nas cidades de Minduri (MG), Andrelândia (MG), Madre de Deus (MG) e São Vicente de Minas (MG).

Segundo as investigações, os líderes da seita são suspeitos de fazerem uso dos seguidores para a prática de trabalho ilegal em fazendas e comércios. Conforme a polícia, a seita é oriunda do Estado de São Paulo, mas em 2005, mudou-se para Minas Gerais. 

Segundo a assessoria da Polícia Federal, algumas pessoas que faziam parte do grupo procuraram ajuda e relataram aos policiais que os integrantes são cooptados pela seita e obrigados a vender todos os seus bens materiais e doar o dinheiro para os líderes do grupo. O argumento usado pelos líderes da seita é de que os integrantes deveriam "viver isolados e desprendidos dos bens materiais, onde tudo é de todos", diz a Polícia Federal.

As investigações também apontaram que os líderes da seita circulam em veículos luxuosos e submetem os adeptos a exaustivas jornadas de trabalho. A única recompensa que os seguidores recebem é a alimentação.

Ao todo, 82 policiais federais, sete fiscais do Ministério do Trabalho e um membro do Ministério Público do Trabalho participam da operação que recebeu o nome de "Operação Canaã". Conforme a polícia, se as denúncias forem confirmadas, os envolvidos podem responder por prática de trabalho escravo ou degradante. A pena prevista é de dois a oito anos de prisão, além de multa.

A Polícia Federal não informou quantos mandados de prisão ou apreensão estão sendo cumpridos. Até o momento, nenhum representante da seita se manifestou sobre o assunto. (Fonte: http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2013/04/operacao-da-policia-federal-combate-seita-religiosa-que-atua-no-sul-de-mg.html ).
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Uma seita que arrebanha integrantes na capital paulista para trabalhar sem salário em fazendas e indústrias no interior de Minas Gerais já reúne cerca de 6 mil pessoas. 

Para ser aceito no “mundo paralelo” do grupo Jesus A Verdade que Marca, é preciso, segundo a polícia e ex-integrantes, doar casa, carro e os demais bens para os líderes e obedecê-los cegamente.  

As regras incluem a proibição do marido dormir com a mulher, o confinamento em fazendas e alojamentos e o veto a TV e internet. 

Durante a Operação Canaã, deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira, dois líderes da seita - cujos nomes não foram revelados - acabaram presos por apropriação indébita ao serem flagrados com cartões do Bolsa-Família de integrantes do grupo. 

Para a PF, o discurso religioso é um atrativo para cooptar mão de obra escrava. “É um grupo extremamente fechado, que busca pessoas em situação vulnerável e as mantém nas propriedades com uma alta carga de doutrinação”, diz o delegado João Carlos Girotto. 

O advogado do grupo, Leonardo Carvalho de Campos, argumenta que as fazendas nas cidades de Minduri, São Vicente de Minas, Madre de Deus e Andrelândia são apenas associações de agricultura comunitária. 

Depoimentos de ex-integrantes destoam do que ele diz. Um aposentado de 72 anos conta que o pastor Cícero Vicente de Araújo, líder da seita, o convenceu a doar tudo o que tinha porque “todas as estradas iam se fechar e colocariam chips na cabeça das pessoas”.

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