A Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, no oeste do Estado de SP, começou a receber presos ligados aos grupos criminosos do Rio de Janeiro.
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23/10/16 por Josmar Jozino.
Ao menos 87 detentos foram transferidos
sexta-feira (21/10) para a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, no oeste do
Estado de SP. Eles são do CV (Comando Vermelho) e
do TC (Terceiro Comando). O clima é tenso nos presídios de São Paulo.
Principalmente na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, a P1, no oeste do
Estado, para onde a gestão de Geraldo
Alckmim (PSDB)
começou a transferir, na última sexta-feira (21/10), presos de facções do Rio
de Janeiro.
Ao menos 87 detentos foram removidos para a unidade. Muitos
são do CV (Comando Vermelho) e do TC
(Terceiro Comando). O último grupo é dissidente do primeiro.
Ambos são inimigos.
A SAP (Secretaria Estadual da
Administração Penitenciária) não
confirma nem desmente as remoções. Em nota enviada à Ponte Jornalismo,
a pasta estadual garante que o “sistema
penitenciário paulista opera dentro dos padrões de normalidade e segurança”.
Funcionários
do sistema prisional afirmam que a SAP agiu rápido e corretamente ao isolar na
P1 de Venceslau os presos de facções do Rio de Janeiro. Mas confirmam que o clima
é realmente tenso em várias prisões paulistas.
Os presos
removidos para a P1 de Venceslau são procedentes de diversos presídios de São
Paulo. Estão em celas individuais. Mas não se entendem. Mesmo separados no
Pavilhão 1, eles vêm trocando hostilidades e ameaças.
Os outros
presos que estavam nesse mesmo pavilhão foram levados para a Penitenciária de Tupi Paulista,
também no interior de São Paulo e considerada um barril de pólvora. Pode
explodir a qualquer momento.
Agora passaram
a cumprir pena lá detentos de diversas facções, como TCC (Terceiro Comando da
Capital), ADA (Amigos dos Amigos), Cerol Fininho, SS (Seita Satânica), CRBC (Comando Revolucionário
Brasileiro da Criminalidade), Guerreiros
do Inferno, entre outras. Todas
são inimigas do PCC (Primeiro Comando da Capital).
No pavilhão 2
da P1 de Presidente Venceslau estão os presos neutros, que não pertencem a
nenhum grupo criminoso. O pavilhão 3 está em reforma e o pavilhão 4 abriga os integrantes do PCC.
A tensão na P1
de Venceslau aumentou na madrugada de sexta-feira. Um detento, procedente de um
presídio federal, desembarcou na unidade na calada da noite, escoltado por
agentes federais. Chegou à região em um helicóptero.
O preso ficou
escondido na inclusão. Há
informações de que ele veio fazer uma delação. Não se sabe
ainda se é premiada. O presidiário já foi ouvido e mandado de volta para o
presídio federal. Dizem que ele veio delatar autoridades e ex parceiros de
crime.
A SAP também
nega a apreensão de uma carta de quatro páginas, escrita à caneta com
erros de português, nas unidades subordinadas à pasta.
Agentes
penitenciários, no entanto, insistem em dizer que cópias da correspondência
foram encontradas em presídios de Guarulhos, na Grande São Paulo, Pinheiros,
zona oeste da capital e também em Mongaguá, na Baixada Santista, dominados pelo
PCC. A carta indica que a organização declarou mesmo guerra aos seus inimigos.
A
correspondência, intitulada “Salve Geral”, não revela os nomes dos rivais, mas
deixa claro que o PCC vai agir com violência contra as facções que têm matado
seus integrantes nas prisões e nas ruas e tomado seus pontos de drogas.
Um trecho da
carta traz a seguinte mensagem: “Não nos compactuamos de alguma patifaria que
tem crescido nos estados onde uma facção ou outras sem ética tem tomado lojas,
morros ou favelas de pessoas que são do crime”.
Lojas na
linguagem do PCC significam pontos de droga que pertencem à organização
criminosa. Morros e favelas são territórios onde a facção controla o tráfico de
entorpecentes.
Na mesma
página, algumas linhas adiante, aparece a seguinte advertência: “Contra esses
vai toda a nossa fúria. Deixamos claro que respeitaremos aqueles que merecem o
respeito do crime”.
Logo na
primeira página da carta, o PCC menciona que facções de oposição ao grupo estão
matando inocentes nos estados em protesto e por inveja ao crescimento e a
expansão da organização criminosa no país.
E cita como
exemplos o caso de uma criança de dois anos morta a tiros na Bahia; de uma
senhora tetraplégica executada no Mato Grosso porque era mãe de um criminoso;
de assassinatos de irmãos de integrantes do PCC no Maranhão.
Em nenhum momento
a correspondência menciona o nome do CV. Porém, os relatos da carta coincidem
com a informação dada à Ponte Jornalismo na última terça-feira por uma fonte do
MPE (Ministério Público Estadual).
Segundo essa
fonte, desde o ano passado o PCC
está em conflito com o CV porque
o grupo de Rio de Janeiro fez alianças com facções inimigas do grupo paulista
em estados do Norte e Nordeste e também no Mato Grosso e em Santa Catarina. Em
presídios da região Norte já morreram ao menos 22 detentos nos últimos dias.
A fonte disse
ainda que o PCC mandou rastrear os integrantes do CV presos nas penitenciárias
de São Paulo. Segundo o MPE, eles são cerca de 200 a 300, mas ainda convivem
pacificamente com os integrantes do grupo paulista. Uma parte já está na P1 de
Venceslau.
Link:http://ponte.org/guerra-no-crime-governo-comeca-a-isolar-em-sp-presos-de-faccoes-do-rio-de-janeiro/
LEIA MAIS:
1 - Guerra no crime: PCC começou a rastrear os membros do Comando Vermelho em São Paulo. http://maranauta.blogspot.com.br/2016/10/guerra-no-crime-pcc-comecou-rastrear-os.html
2 - Brasil. Rebelião em presídio de Roraima deixa 25 mortos. http://maranauta. blogspot.com.br/2016/10/brasil-rebeliao-em-presidio-de-roraima.html
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