sábado, 15 de junho de 2013

Operação Vinagre I - Prisões realizadas nesta quinta são ilegais, afirmam advogados.

As detenções para averiguação feitas na noite desta quinta-feira (19/6) pela PM-SP (Polícia Militar de São Paulo) foram arbitrárias de acordo com depoimentos de advogados e detidos que foram posteriormente liberados. 

Segundo afirmaram ao Última Instância, a polícia cometeu uma série de ilegalidades desde as detenções, muitas delas ocorridas antes mesmo do protesto começar, até a averiguação dentro da própria delegacia.


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Crédito: Foto postada no Facebook.
Segundo Rodolfo Valente, da Comissão de Direitos Humanos do Sindicato dos Advogados, a detenção para averiguação é algo da Ditadura Civil Militar. "Não existe isso no Código de Processo Penal, isso é uma coisa arbitrária e configura o crime de abuso de autoridade", afirmou. Valente também disse que sendo possível as medidas cabíveis para responsabilizar os policiais envolvidos no episódio de quinta serão tomadas.


O advogado Vinícius Alvarenga Freire Júnior, pertencente à Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo), foi ao local para auxiliar uma de suas familiares, que estava detida. 

Ele relatou uma série de ilegalidades pelas quais os detidos estavam sendo submetidos: 

ausência de advogado; 

omissão de informação de direito ao silêncio; 

prisão irregular, imotivada e falta de justa causa; 

e coação, ao irem sozinhos para salas prestarem depoimentos. “Todos dizem que o brasileiro é quieto e acomodado para tudo. 

Quando se levanta, apanha. 

Posse dizer que longe da imprensa [dentro da delegacia], ocorreram abusos individuais”.


O também advogado Alexandre Pachecco denunciou o fato de os detidos terem sido obrigados a prestar depoimento e por estarem incomunicáveis no DP. “Estão trazendo tanta gente para cá que a Polícia Civil já não tem estrutura para abriga-los”, disse.


Madrugada na delegacia

Durante a operação da PM-SP (Polícia Militar de São Paulo) foram detidas 237 pessoas no 78º e 1º DP, destas 5 foram presas, mas um por ser adolescente foi liberado sob os cuidados do pais.

As outras 4 foram transferidas do 1º DP para o 2º DP. Nesta sexta-feira (14/6) os advogados devem entrar com pedido no Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária) para liberação dos indiciados. 

Os 4 respondem por formação de quadrilha, incitação ao crime e dano qualificado. Todas as pessoas detidas no 78º DP foram posteriormente liberadas.


Advogados e detidos confirmaram a prisão de um jovem epilético, que foi preso mesmo alegando estar de passagem pelo local. Na delegacia, ele teria passado mal e foi impedido de ser ajudado pelos demais. 

Também foram detidos 2 jornalistas que estavam a trabalho e foram presos por portarem mochilas. Eram eles o jornalista da Carta Capital, Piero Locatelli, e o da Veja, Pieter Artmann.


O estudante de geografia, Tiago Rego Gomes, afirma ter sido detido no Viaduto do Chá por portar uma garrafa de vinagre (usada em manifestações para inibir os efeitos de gás lacrimogêneo) e tentar impedir que uma mulher fosse espancada. “Me informaram que tinham instruções para deter quem portasse vinagre, coquetel molotov e armas. Pois é, igualaram vinagre a coquetel molotov”.


Seu pai, o sindicalista João Batista Gomes, que passava pelo local deixando o serviço, presenciou a presença do filho e o esperou o filho até sua liberação. Ele perguntou por que as razões das prisões, e um PM o disse que tinha orientação de “levar para averiguação todas as pessoas que portavam mochila”. “Eu retruquei em seguida: senhor, eu estou de mochila, devo ser preso também? Ele me disse: não, isso é só para os jovens. Estou inconformado, isso é um escárnio, um atentado à livre manifestação. O que acontecerá se todo mundo for detido para averiguação?”.


O jornalista Marcelo Buono, 23 anos, do coletivo Manifeste-se, afirma ter sido preso logo ao chegar na manifestação, por volta das 16h30. Após ser revistado e colocado na parede na Praça Patriarca, juntamente com dezenas de pessoas, nem todas manifestantes, foi colocado em um ônibus e ouviu a seguinte recomendação: “Todo mundo sentado com os braços embaixo do corpo. Quem mudar de posição, isso será considerado um desacato e vamos descer o cacete”. 

Ele afirmou que tentou conversar com os policias, sem sucesso, e portava apenas uma mochila com uma câmera. Disse que todos os detidos foram identificados e fichados, mas não foi informado com qual finalidade.


No 1º DP durante a liberação dos detidos os funcionários da delegacia disseram que se amigos e parentes que aguardavam a soltura dos manifestantes ali permanecessem eles iriam segurar ainda mais para liberar as pessoas.


João Novaes e Luka Franca - 14/06/2013 - 13h05


Leia também: Sindicato de jornalistas de SP divulga lista ainda incompleta de reporteres detidos e agredidos

Operação Vinagre II - Repúdio internacional contra violência da Policia Militar contra jornalistas. http://maranauta.blogspot.com.br/2013/06/sao-paulo-repudio-internacional-contra.html

Operação Vinagre III - São Paulo. Protestos contra aumento da passagem ganham ato de apoio em 15 países. http://maranauta.blogspot.com.br/2013/06/operacao-vinagre-iii-sao-paulo.html

Operação Vinagre IV - São Paulo. Jânio: a PM é que incita a desordem.  http://maranauta.blogspot.com.br/2013/06/sao-paulo-janio-pm-e-que-incita-desordem.html

Link original desta matéria: http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/63890/prisoes+realizadas+nesta+quinta+sao+ilegais+afirmam+advogados.shtml 

 

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