segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Tragédia de Santa Maria. Decretada a Prisão dos proprietários da Boate Kiss. Governador Tarso justifica prisões: "Para que nunca se repita".

Foto Brasil 247.

"Queremos que o caso seja investigado à exaustão, que dele possam decorrer mudanças inclusive legislativas em nível federal, estadual e municipal", declarou o governador do Rio Grande do Sul, nesta manhã; ele acompanha o velório e o enterro das vítimas do incêndio na boate Kiss, de Santa Maria; mais cedo, a polícia prendeu o dono da casa noturna (foto) e dois músicos da banda que fazia show no local.

28 de Janeiro de 2013 às 12:33.

Foto Brasil 247. Gov. Tarso Genro
247, com Diário de Santa Maria - Autoridades do primeiro escalão do governo do Rio Grande do Sul concederam uma entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, em Santa Maria, para prestar esclarecimentos das investigações da tragédia na boate Kiss, que resultou na morte de pelo menos 231 pessoas.

Na sede da 1ª Delegacia de Polícia (DP), o governador Tarso Genro elogiou o entrosamento de toda a área da Segurança Pública, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) e a qualidade técnica dos trabalhos:

— O primeiro momento era de resgate. A segunda fase foi a luta para preservar a saúde dos que ficaram feridos. Entramos agora na terceira fase, que é a apuração. Queremos que o caso seja investigado à exaustão, que dele possam decorrer mudanças inclusive legislativas em nível federal, estadual e municipal. A Polícia Civil, inclusive, solicitou prisões para que isso nunca mais aconteça. A partir delas, vamos localizar os responsáveis.

Foto Brasil 247. Kiko Spohr
Além de Tarso, estiveram presentes o secretário de Segurança, Airton Michels, o procurador-geral do Estado, Eduardo de Lima Veiga, e o chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Junior. Lima Veiga considerou positivo o "esforço de 24 horas inédito na história do Rio Grande do Sul" e que congregou os Três Poderes:

— Fica agora a tarefa de apontar responsáveis. Por isso solicitamos, e conseguimos, a prisão cautelar dessas pessoas pelo período de cinco dias, renováveis por mais cinco.

Ranolfo Vieira Junior pediu "tranquilidade e serenidade" na condução das investigações. Os esforços devem ser concentrados a partir de agora na coleta de provas testemunhais.

Mais cedo, a polícia prendeu o sócio da boate Kiko Spohr, além de dois músicos da banda Gurizada Fandangueira, que fazia show no local no momento do incêndio. 

O fogo teria sido provocado por um sinalizador usado pelo vocalista durante uma apresentação pirotécnica. O quarto investigado está foragido e sendo procurado pela polícia (leia mais).

Governador pede rigor nas investigações
Tarso Genro se deslocou novamente para Santa Maria nesta manhã. O governador irá acompanhar ao longo de todo o dia os velórios e enterros das vítimas do incêndio na boate Kiss na madrugada de domingo. De acordo com a prefeitura do município, o número de mortos subiu para 236.

— É importante compartilhar com mais algumas famílias esse momento de solidariedade — declarou Tarso em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.

O governador ainda enfatizou que a apuração policial será rigorosa:

— Agora é o momento de tomarmos todas as providências para apurar as responsabilidades. Acontecimentos como esse podem ocorrer por causas fortuitas, que não dependem de ninguém, mas podem ter ocorrido também porque alguém cometeu uma omissão ou algum ato de irresponsabilidade — disse.

O procurador-geral de Justiça do Estado, Eduardo Lima Veiga, está acompanhando o governador na viagem a Santa Maria. Eles irão se reunir com o delegado responsável pela investigação, além de visitar a sede do Ministério Público do município.

Serenidade e indignação se misturam durante velório
Foto Brasil 247. V
Agência Brasil - Aos poucos, o número de caixões no velório coletivo em Santa Maria vai diminuindo. Dos 30 corpos que eram velados na noite deste domingo no Centro Desportivo Municipal (CDM), 12 ainda permanecem no ginásio e devem seguir para o cemitério municipal da cidade ainda pela manhã.

Uma oração ecumênica foi realizada por volta das 8h, mas as famílias também puderam ter momentos particulares e pequenos cultos individuais. O padre da pastoral universitária de Santa Catarina, William Vianna, esteve no velório e atendeu a cada família que quis a última oração por seus filhos.

"Perguntamos a cada família se gostariam que o padre rezasse e todos aceitaram", disse. O cenário hoje, na opinião dele, é de mais conformismo. "Achei as pessoas bastante serenas. Não vi ninguém desesperado hoje, sobretudo os pais, que sentem mais", avaliou o padre.

Muitos alternam os momentos em que velam os corpos com o trabalho de voluntariado. Cada um contribui como pode, servindo água ou atendendo os parentes que passam mal durante o velório.

"A gente até tenta dormir, estamos cansados, mas não conseguimos pregar o olho. Então, ficamos sabendo que estavam precisando de voluntários aqui e viemos. Melhor que ficar em casa", diz Thana Barcellos, que perdeu amigos e conhecidos na tragédia e trabalhou durante toda a noite atualizando a lista dos nomes de pessoas que eram veladas no CDM.

Mas, além da consternação, há também o sentimento de indignação. É o caso do vendedor Abilio Carneiro Júnior, que trabalha em uma movimentada loja da cidade e conhecia várias pessoas que estavam sendo veladas esta madrugada. 

Na opinião dele, a tragédia não foi uma fatalidade. "Foi uma irresponsabilidade, fatalidade não. Uma pessoa fazer um show pirotécnico num ambiente pequeno, fechado? Qualquer um sabe que isso pode provocar um acidente", analisou.

Além dos conhecidos mortos, Abilio também tem um primo que está internado em Porto Alegre. Segundo ele, o rapaz não estava na boate Kiss na madrugada de sábado, mas foi até o local para tentar ajudar as pessoas quando ficou sabendo do incêndio. Ele se intoxicou com a fumaça e teve de ser internado e removido para a capital.

Em Santa Maria ainda há 80 pessoas internadas, 42 delas em estado grave. Além dessas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prevê que algumas pessoas podem ter a situação agravada por pneumonites químicas dentro de mais dois dias. 

A fumaça tóxica do incêndio pode provocar reações tardias e levar à morte. Por isso, as autoridades pedem que pessoas que estavam no incêndio procurem atendimento imediato caso passem mal.

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