Foto: http://www.forte.jor.br/wp-content/uploads/2013/01/R-36M-Voyevoda-5.jpg |
Enquanto os EUA constroem um escudo antimíssil global, a Rússia se
prepara para atualizar seu arsenal de mísseis estratégicos nucleares e
completá-lo com dois mísseis capazes de romper o escudo americano.
Segundo o comandante das FME (Forças de Mísseis Estratégicos),
general Sergêi Karakaev, trata-se de um míssil balístico pesado de
combustível líquido de 100 toneladas projetado para ser mais potente do
que R-36M2 Voevoda, hoje o mais poderoso do mundo, e de um míssil
balístico de combustível sólido destinado a substituir os mísseis de
quinta geração Iars-RS-24 e Topol-M.
“Como o potencial de mísseis balísticos de combustível sólido pode
ser insuficiente para romper o escudo antimíssil americano, essa missão
será confiada a um míssil balístico pesado de combustível líquido. Se os
EUA não abdicarem de seus planos, esse míssil nos permitirá criar uma
arma estratégica de alta precisão não nuclear”, disse o general.
Segundo o general Karakaev, vários protótipos foram lançados em 2012.
O mais recente lançamento foi realizado em 24 de outubro e pôs um ponto
final na discussão sobre a necessidade russa de um míssil pesado de
combustível líquido.
Nos anos 1990, o país atualizou a família dos mísseis Topol e adotou,
em 2000, o míssil Topol-M, que se instala em silos (ou SS-27, na
classificação da Otan). Há alguns anos, colocou em serviço operacional
os primeiros mísseis móveis Topol-M2.
Logo, os novos Topol e Iars-24 irão substituir os mísseis de combustível sólido de primeira geração.
Enquanto isso, o núcleo da força de dissuasão russa é constituído
pelos mísseis de combustível líquido UR-100N (SS-19 Stilett, na
classificação da Otan) e R-36M (SS-18 Satan, na classificação do
Departamento de Defesa dos EUA e da Otan), que, entretanto, já têm a
vida útil vencida e devem ser retirados do serviço operacional nos
próximos anos.
Novos mísseis estão chegando lentamente às Forças Armadas. Segundo o
vice-presidente da comissão de Defesa da Duma de Estado (câmara baixa do
parlamento russo), Leonid Kalachnikov, em 2015, a Rússia pode ter de
100 a 105 novos mísseis balísticos.
Se a preferência for dada aos mísseis Topol-M, com uma só ogiva, e
Iars-24, munido de três ogivas, a nova frota de mísseis será capaz de
transportar, no total, entre 110 a 115 ogivas.
Também em 2015, os EUA
planejam ter 900 mísseis antimísseis balísticos instalados em todo o
mundo.
Em 2001, os americanos se retiraram do Tratado ABM de 1972 (tratado
de antimísseis balísiticos) e estão livres de quaisquer restrições ao
aumento quantitativo e qualitativo desse tipo de armas. Karakaev não
descarta a hipótese de os EUA instalarem elementos de seu escudo
antimíssil no espaço.
Sem acordo - A liderança político-militar da Rússia esperava chegar a um acordo
com os EUA sobre a defesa antimíssil. Como as negociações com os
americanos chegaram a um impasse e Washington não parou de instalar
mísseis interceptores na terra e no mar, a Rússia se viu obrigada a
pensar em medidas de retaliação.
Como resultado, surgiu a ideia de construir um míssil de longo
alcance munido de ogivas múltiplas guiadas individualmente – a Rússia já
tem mísseis semelhantes, o já citado UR-100N e o P-36M de combustível
líquido.
Esses mísseis, porém, foram colocados em operação no final dos anos
1980 e têm vida útil prestes a terminar. O desenvolvimento de novos
mísseis com essas características foi suspenso nos anos 1990, quando a
ideia era substituir os mísseis em serviço da FME por mísseis ligeiros
de combustível sólido.
Os mísseis ligeiros, no entanto, não são uma boa alternativa aos mísseis pesados de combustível líquido.
“É pouco provável que os mísseis ligeiros Topol-M e Bulavá [um novo
míssil de combustível sólido projetado a partir do míssil Topol-M para
ser lançado por submarinos atômicos] sejam uma alternativa adequada aos
mísseis retirados de serviço”, disse o especialista da Academia de
Engenharia da Rússia, Iúri Zaitsev.
Sejam como for, a Rússia não tem a menor intenção de abdicar dos
mísseis de combustível sólido, ideais para serem usados em sistemas de
mísseis móveis.
Portanto, a Rússia irá desenvolver alternativas atualizadas aos dois tipos de mísseis.
Matéria original publicada em: http://www.forte.jor.br/2013/01/09/misseis-contra-antimisseis/
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