Ferreira prevê 2013 menos volátil |
Autor(es): Por Vera Saavedra Durão | Do Rio |
Valor Econômico - 17/12/2012 |
A poucos dias do fim do ano, Murilo Ferreira, presidente da
Vale, disse ao Valor esperar um 2013 menos volátil para as commodities
minerais e metálicas, com preços do minério de ferro entre US$ 110 a
US$ 140 a tonelada, num contexto de crescimento mais vigoroso da China.
Apesar do cenário "mais benigno", ele não vê razão para a Vale
abandonar sua atual política de "austeridade".
Ferreira explica sua postura: "O superciclo (de commodities com
preços muito elevados) acabou e nossa filosofia é que não vamos gerar
mais excedentes financeiros tão generosos em futuro próximo". A empresa
vai se desfazer de mais ativos não estratégicos, sendo que nas
próximas semanas deve anunciar dois negócios na área de óleo e gás.
A poucos dias do fim de 2012, "um ano de grande desafio", Murilo
Ferreira, presidente-executivo da Vale, disse em entrevista exclusiva ao
Valor esperar um 2013 menos volátil, com preços do minério de ferro
variando entre US$ 110 a US$ 140 a tonelada, e um ambiente de
crescimento mais vigoroso da China, a taxas entre 8% e 8,5%. Apesar do
cenário "mais benigno", Ferreira não vê razão para a mineradora
abandonar "a política de austeridade" adotada nos últimos meses.
"O superciclo (de commodities) acabou e nossa filosofia é que não
vamos gerar mais excedentes financeiros tão generosos em futuro
próximo", disse o executivo. A empresa vai continuar cortando ativos
não estratégicos e buscando parceiros em novos negócios para reduzir
despesas e garantir caixa para tocar projetos, afirmou.
Nas próximas semanas, a companhia vai anunciar a venda de dois
ativos de óleo e gás. Ao todo, são 19 blocos exploratórios em quatro
bacias petrolíferas do Brasil desde 2008. Já em janeiro, a companhia
pretende divulgar o nome dos parceiros financeiros e estratégicos da
Valor da Logística Integrada (VLI), que reúne alguns ativos de
ferrovias (FCA e Norte-SUL) e o porto de Mearim, no Maranhão.
Em busca de sócios estratégicos para o megaprojeto de potássio de
Rio Colorado, na Argentina, de US$ 5 bilhões, a Vale está contratando
bancos. E fará o mesmo para o projeto Kronau, de níquel no Canadá.
"Vamos vender o Kronau ainda em 2013", informou Ferreira. O executivo
também confirmou a venda das ações que a Vale possui da Norsk Hydro,
gigante de alumínio da Noruega, correspondentes a 22% do capital da
empresa. "Elas serão vendidas em momento mais adequado da indústria de
alumínio."
Além de vender ativos que não estão no foco, os planos da Vale para
2013 priorizam a implantação "com muita eficiência" de todos os
projetos do novo orçamento de investimento, de US$ 16,3 bilhões,
anunciado no Vale"s Day, em Nova York. A maioria é de ferrosos, como o
Serra Sul (S11D), em Carajás, e os "Itabiritos", em Minas. E ainda o
projeto de cobre de Salobo II, da siderúrgica do Ceará, de Biodiesel e o
de carvão de Moçambique.
"Só o S11D, com produção estimada de 90 milhões de toneladas de
minério de ferro em 2016, vai custar R$ 40 bilhões (US$ 19,5 bilhões)",
avalia o executivo. "Para tirar esses projetos do papel temos de
apertar o cinto, cortar custos", disse Ferreira, manifestando
preocupação. E brincou: "custo é como unha, se não cortar, cresce".
O corte de custos não passa por demissões na Vale, garantiu o
presidente. A empresa emprega 140 mil pessoas em 37 países. Só no
Brasil são 68 mil. "A Vale não vai demitir", declarou ao Valor. "Não
temos este propósito, apesar de que vamos tocar menos projetos".
"Garanto que não teremos novos empregos no Rio e em Belo Horizonte, mas
vamos precisar de muita gente (engenheiros e projetistas, dentre
outros) em Canaã dos Carajás". Só o projeto S11D vai empregar, na fase
de obras, 30 mil pessoas. Depois de entrar em operação, em 2016, serão
três mil empregos diretos e seis mil indiretos.
Ferreira negou pressões do governo para a Vale investir mais, apesar
de ter encolhido os aportes programados. A estratégia do corte reduziu
investimentos no Brasil. Dos 19 projetos listados, 12 estão no país e
vão consumir US$ 4 bilhões no ano. No total, somam US$ 27,6 bilhões.
Em seu balanço de 2012, Ferreira taxou o ano de "desafiador", com
volatilidade nos mercados de minério de ferro, cobre, níquel e carvão
metalúrgico "muito maior do que qualquer um poderia esperar". Mas,
fechou com saldo positivo. "Obtivemos 186 licenças e autorizações
ambientais, um recorde, e conseguimos reduzir pendências judiciais com o
governo federal e governos estaduais".
A Vale acaba de acordar pagamento de R$ 1,4 bilhão de royalties
atrasados com o DNPM: R$ 300 milhões estão sendo pagos e R$ 1,1 bilhão
será feito em janeiro. Também quitou R$ 673 milhões em taxas de
mineração devidas aos Estados do Pará e Minas Gerais. Para 2013, resta o
litígio judicial com a Receita Federal referente a cobrança de imposto
de renda de subsidiárias e coligadas. O processo está no STF e
Ferreira espera solução até a Páscoa.
Além de querer zerar as pendências judiciais no ano que vem, o
presidente está empenhado em melhorar a imagem da mineradora. Vai se
esforçar para a Vale ter nota 10 em segurança do trabalho e prepará-la
para disputar o título de "melhor empresa para se trabalhar".
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