Os países que formam o grupo
Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – aumentaram sua
participação em ajuda a nações pobres em um ritmo dez vezes maior que o
do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido ,França, Itália e
Canadá) entre 2005 e 2010, e estão criando novos modelos para a
cooperação internacional, segundo dados de um relatório divulgado nesta
segunda-feira, em Nova Déli, na Índia.
Apesar de os países desenvolvidos ainda serem
responsáveis por um volume muito maior em termos de cooperação
internacional, o estudo divulgado às vésperas da Quarta Cúpula dos Brics
(28 e 29 de março, em Nova Déli) afirma que o tamanho e a abrangência
dos esforços dos Brics em termos de ajuda externa têm acompanhado o
rápido crescimento de suas economias.
"Durante a crise financeira, a maior
parte dos países Brics conseguiu manter seu crescimento econômico e
aumentar a cooperação internacional, enquanto alguns doadores
tradicionais reduziram ou ficaram no mesmo patamar de gastos em termos
de ajuda externa", disse à BBC Brasil David Gold, diretor-executivo da
Global Health Strategies initiatives (GHSi), organização internacional
responsável pelo relatório.
Impacto na saúde global
O documento conclui que os Brics vêm inovando e
utilizando novos recursos para melhorar a situação de saúde nos países
mais pobres do mundo.
"Os Brics estão estabelecendo novos modelos para
cooperação que desafiam a forma como vemos a ajuda externa. De forma
geral, eles não se veem como doadores tradicionais. Em vez disso, eles
enfatizam a cooperação Sul-Sul e programas que deixem um legado de
qualificação e de transferência de tecnologia, além de usar lições de
sua própria experiência em relação à saúde", afirmou Gold.
Como exemplo, o documento cita a decisão do
Brasil – que foi um dos pioneiros nos tratamentos de HIV/AIDS – de
construir, em Moçambique, uma fábrica de drogas antirretrovirais.
Segundo Gold, os fabricantes de vacinas e
medicamentos genéricos da Índia também tiveram papel fundamental na
redução dos preços que os países mais pobres pagam por estes produtos.
"A assistência financeira e os medicamentos da
China fizeram uma enorme diferença em termos de controle da malária na
África, enquanto a Rússia foi um dos doadores iniciais do programa da
Aliança GAVI (entidade internacional dedicada à imunização) que visa
fornecer vacinas pneumocócicas a preços reduzidos para países em
desenvolvimento", disse Gold.
"A África do Sul, que tem uma das taxas mundiais
mais altas de tuberculose resistente a antibióticos, está sendo
pioneira na introdução de um novo tipo de diagnóstico molecular da
doença."
O relatório estima que os gastos do Brasil com
ajuda externa tenham ficado entre US$ 400 milhões e US$ 1,2 bilhão em
2010 (já que o país não divulga números anuais).
A Rússia teria desembolsado cerca de US$ 500
milhões no mesmo ano, enquanto a Índia teria gastado US$ 680 milhões, a
China, US$ 3,9 bilhões, e a África do Sul, US$ 150 milhões.
Fonte de recursos e inovação.
Apesar de reconhecer que os Brics ainda
enfrentam seus próprios desafios em relação a seus sistemas de saúde, o
documento afirma que as cinco nações tiveram avanços recentes e
implementaram programas inovadores na área.
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
também já estão coordenando esforços em setores como agricultura,
ciência e tecnologia, além de investirem pesado em pesquisa e
desenvolvimento, o que poderia, segundo Gold, ter um impacto direto em
países pobres.
Um dos temas em discussão na Quarta Cúpula dos
Brics nesta semana é a proposta indiana de se criar um Banco de
Desenvolvimento do grupo, dedicado a investir em projetos de
infraestrutura e desenvolvimento em nações pobres.
"No longo prazo, os Brics representam uma
potencial fonte de novos recursos e inovação para o desenvolvimento e a
saúde globais", disse Gold.
LEIA MAIS: Banco Mundial: "PIB DO BRASIL É MAIOR QUE OS DA FRANÇA E REINO UNIDO. http://maranauta.blogspot.com.br/2014/05/banco-mundial-pib-do-brasil-e-maior-que.html
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